30 de maio de 2010

Os Encantos da Filosofia Budista

“Não há noite que não amanheça”
A esperança renova a vitalidade, faz bem à saúde e é o combustível da felicidade
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 2037, PÁG. A6, 29 DE MAIO DE 2010.

Esperança, na ótica do Budismo Nitiren, se refere a uma revigorante energia vital fluindo do âmago da vida e enchendo a mente e o corpo de vontade de luta. A pedido da Divisão Feminina da BSGI o BS republica uma orientação do presidente Ikeda divulgada há mais há 11 anos e constantemente utilizada pelas “rainhas da felicidade”

Aos iniciantes
O primeiro tema desta série tratou do revolucionário conceito de benefício no budismo (BS edição no 2.034) e depois da fonte essencial desses benefícios: o Gohonzon (BS edição no 2.036).

O que é esperança?
Esperança é um sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que se deseja. É a confiança em algo positivo. Mas apesar da origem etimológica da palavra fazer menção a esperar algo, no budismo o termo ganha pujança. O presidente Ikeda em muitos discursos e em diálogos incentiva seus discípulos olhando fixamente com máxima força e bradando: “Kibô!” (esperança). A rajada de convicção do Mestre deixa claro que esperança é jamais desanimar, reunir forças de onde parece não haver e orar ao Gohonzon com forte fé tendo a mente serena e o coração cheio de coragem.

“A prática da fé é a eterna esperança”
por Daisaku Ikeda

Rei Alexandre, o Grande
Uma fé forte e invencível é crucial. A oração é crucial. A fé e a oração determinam tudo.
O rei Alexandre, o Grande, preparou-se demoradamente e organizou sua partida para o Oriente e para o mundo. O jovem grande rei distribuiu todos os seus tesouros e riquezas para seus súditos, dizendo:
— Concedo tudo isto a vocês. Portanto, sigam-me tranquilamente sem nenhum receio!
Um dos súditos, estranhando essa atitude, perguntou-lhe:
— Ó meu rei! Vossa Majestade concedeu todos os seus tesouros aos súditos. Desta forma, seu cofre ficará completamente vazio. O que Vossa Majestade pretende fazer?
O rei Alexandre, sorrindo, respondeu-lhe: — Eu não concedi todos os meus tesouros. Minha maior riqueza está guardada cuidadosamente ao alcance de minhas mãos.
O súdito, sem entender nada, perguntou-lhe novamente: — Desculpe, majestade, mas não consigo vê-la. Onde é que está guardada? O rei disse-lhe finalmente: — Meu tesouro secreto e mais precioso chama-se “esperança”.

Ter esperança é crucial
Não há tesouro mais precioso que a esperança. Se possuir esperança, tudo pode ser alcançado e conquistado. Caso se empenhem na vida diária com ardente esperança, também será possível conquistar todos os outros tesouros.

A chama da fé
Somente a esperança pode extrair a energia e a capacidade inerentes na vida humana. A esperança é como a baqueta que produz sons nos tambores. A chama que faz arder a esperança ao máximo é a prática da fé e a prática da fé é a eterna esperança.

Esperança é vida. Desesperança é morte
O grande poeta inglês Shelley disse: “Se o inverno chegou, a primavera não está distante”. E o espanhol Cervantes escreveu: “Não há noite que não amanheça”, “O inverno infalivelmente se torna primavera” e “Enquanto houver vida, haverá esperança”.

Erga a cabeça. E avance.
Se você viver com grande esperança crescerá e desenvolver-se-á ampla e plenamente. Por isso, aconteça o que acontecer, jamais desista nem seja derrotado. No fundo de nosso coração existe a primavera, uma nova manhã e um radiante sol. Sempre avance de cabeça erguida. Esperança é vida e desesperança é morte. Esperança é vitória e desistência é derrota.

“Biologia da Esperança”
Tive o prazer de conhecer o Dr. Norman Cousins (1912-1990) e tê-lo como um grande amigo. Considerado como a consciência norte-americana, denominou sua última obra de A Cabeça em Primeiro Lugar: a Biologia da Esperança e o Poder Curador do Espírito Humano. É uma obra muito interessante na qual o Dr. Cousins procura comprovar cientificamente que a força da esperança influencia o corpo humano.

Força de vontade
Ele escreveu: “A força de vontade de viver ativa a fábrica de remédios que existe no corpo humano”. O presidente Toda disse também que “o corpo humano é uma indústria farmacêutica”. De acordo com o Dr. Cousins, a esperança de continuar vivendo faz com que o cérebro emita uma ordem ao corpo humano para ativar seu metabolismo a fim de combater as doenças. A esperança é o comandante que conduz a vida para a vitória. É uma arma secreta, a mais poderosa do arsenal da vida humana.

Rir é bom para a saúde
Rir também é bom para a saúde pois libera a endorfina, que é uma substância com propriedade analgésica. O Dr. Cousins cita as palavras do humorista norte-americano Josh Billings (1818–1885), que disse: “Há muita diversão na medicina, mais há muito mais medicina na diversão”. O Dr. Cousins comentou: “O ponto mais precioso que aprendi na escola de Medicina foi a importância de encorajar os pacientes para que consigam recuperar o ânimo e a confiança em si próprios. Não é apenas oferecer algum conforto espiritual, mas uma luta de vida ou morte para despertar todas as forças e recursos inerentes no corpo do paciente. A confiança e a esperança são fatores determinantes que ativam a farmácia interna para que trabalhe com toda a intensidade.”

Pense algo maravilhoso
Ele fez também a seguinte experiência: Extraiu um pouco de sangue de um paciente. Esperou cinco minutos e extraiu novamente uma outra amostra. Dependendo do que o paciente pensou nesses cinco minutos, verificou-se uma alteração no sistema imunológico. Repetindo essa experiência com várias outras pessoas, ele concluiu que o sistema imunológico torna-se mais ativo e forte quando as pessoas pensam em algo maravilhoso.

Esperança viva
Ao contrário, quando imaginam coisas que não trazem esperança, ocorre um enfraquecimento no sistema imunológico. Portanto, conversem com as pessoas e ofereçam uma forte esperança. Com isso, a esperança estará sempre viva dentro de nós mesmos.

A longa jornada da vida
O Dr. Cousins continua: “a morte não é a pior tragédia no curso da vida, mas, sim, morrer sem descobrir a possibilidade de crescer ainda mais”. “Eu sou assim mesmo. Não consigo fazer mais nada. Já cheguei ao limite de minha capacidade” — esta alegação não tem na verdade nenhum fundamento. É apenas uma mera desculpa para justificar o próprio fracasso. Mesmo nessa condição, é preciso sustentar a esperança para mudar a situação e abrir um novo caminho para o próprio desenvolvimento.

A virtude dos grandes homens
O mês de julho é muito significativo. É o mês em que Nitiren Daishonin escreveu a Tese sobre o Estabelecimento do Ensino Correto para a Paz da Nação. Também nesse mês os presidentes Makiguti e Toda foram detidos, como também eu próprio fui preso injustamente. Foi também em julho que eu e o presidente Toda saímos da prisão.

Meu mestre
Qual foi a palavra que ele [Jossei Toda] disse no Ano-Novo de 1957, ano em que fui levado ao cárcere? Foi “esperança”. Ele disse naquela ocasião: “Ao observarmos a vida dos grandes homens do passado, notamos que eles jamais foram derrotados pelas adversidades e intempéries da vida, e defenderam altivamente a esperança, que para os mortais comuns parecia ser um sonho impossível. Eles viveram sustentando sempre a esperança, sem retroceder um passo sequer.

Essência da esperança
A razão disso está no fato de que a esperança não era para eles um meio de satisfazer seu ego ou suas ambições, mas consideravam-na o alicerce para a felicidade da humanidade. E eles tinham plena convicção disso.

A vitória de Nitiren
Toda continua: “Nitiren despertou para o grande ideal de promover a revolução humana do mundo aos dezesseis anos, alcançou a percepção do grandioso princípio filosófico que permeia todo o Universo aos 32 e manteve sempre acesa a chama da esperança e de seus sonhos da juventude até o momento de sua morte, aos 61 anos. Sua vida foi realmente uma majestosa obra em prol da felicidade absoluta de toda a humanidade.”

A fonte está no Gohonzon
Meu mestre conclui: “Sejam jovens ou idosos, desejo que abracem com convicção a esperança na vida diária e vivam em prol dessa esperança. A fonte da energia vital que permite viver por essa esperança encontra-se no Gohonzon, que contém a própria vida de Nitiren Daishonin.”

Gohonzon, a chave da esperança revitalizadora
O Gohonzon é uma fonte inesgotável de esperança. O Budismo Nitiren é o “Budismo da Esperança”. Foi justamente em meio à Perseguição de Tatsunokuti e ao Exílio na Ilha de Sado que Nitiren revelou o Gohonzon pela primeira vez. Foi num momento em que a vida dele estava em risco. O exílio era como ser atirado num escuro e gélido calabouço.

O Gohonzon é fonte de esperança
Nesse local desesperador que não transmitia a mínima esperança, ele revelou o Gohonzon, que concede a maior das esperanças para a humanidade. Eis aqui um profundo significado: O Gohonzon não foi inscrito dentro de um belíssimo e suntuoso templo, nem em meio à extravagância e opulência, muito menos para obter autoridade.

O Kossen-rufu
Mesmo enfrentando severas perseguições, Daishonin fez arder as chamas da grandiosa esperança do Kossen-rufu e incutiu no Gohonzon o espírito de lutar a todo o custo por esse ideal.

Jamais perca a fé
“Eu, Nitiren, inscrevi minha vida em sumi.” (END, vol. I, pág. 276.) Isto quer dizer que Daishonin incorporou no Gohonzon todo o seu espírito de lutar pelo Kossen-rufu. Por esta razão, aqueles que deixam de lado a fé no Kossen-rufu não conseguem a verdadeira fusão de sua vida com o Gohonzon.

O estado de buda
O Gohonzon existe efetivamente no coração das pessoas que se dedicam à prática da fé com a disposição de lutar pelo Kossen-rufu. Nesse ponto também se encontra a manifestação do estado de Buda. Enquanto esteve preso, o presidente Toda não possuía o Gohonzon em sua cela. Mas, por possuir uma ardente fé em lutar pelo Kossen-rufu, alcançou a extraordinária percepção sobre a verdade da vida.

Ardente desejo
O Gohonzon não serve para nada se as pessoas não praticarem corretamente com o desejo do Kossen-rufu no coração. Nitikan Shonin disse que o tesouro mais precioso de sua vida era a correta prática da fé pois, sem ela, não teria sentido abraçar o Gohonzon.

Avançando sempre
Quando fui preso, li as obras de Victor Hugo no cárcere. Ele também foi exilado por uma falsa acusação. Ele diz: “Meu princípio é avançar sempre. Se Deus desejasse o retrocesso do homem, teria colocado um olho na parte de trás da cabeça.” Uma vez que os olhos estão dispostos em nossa face, avancemos a todo momento olhando em direção ao alvorecer, em direção ao desabrochar das flores e em direção à nova vida.

O rosto corado de esperança
Avancem sempre, renovando sua disposição a cada dia. Daishonin expressa a boa disposição dos líderes com as seguintes palavras: “Ser sempre jovem, ter o rosto corado, boa disposição, coragem e muito vigor.” (Gosho Zenshu, pág. 1.571.) Ele diz também: “As forças física e espiritual como também as ações do cérebro tornaram-se milhões de vezes melhores do que antes.” (Gosho Zenshu, pág. 1.062.)

Líderes, tenham disposição
Quando os líderes atuam com disposição, todos em sua volta sentem-se encorajados e rendem-lhes plena confiança. Por isso, cuidem bem da saúde, procurem repousar durante a noite para não acumular cansaço e aumentem cada vez mais o vigor em sua vida. O budismo é o ensino mais adequado para a época atual.

O budismo é o mito do valor universal
O Dr. Joseph Campbell, um dos grandes nomes em Mitologia Comparativa relata sua conclusão após pesquisar e comparar pensamentos e mitos de todos os tempos e cantos do mundo: “As mudanças que ocorrem no mundo obrigam também a uma mudança nas religiões. Embora não existam mais fronteiras no mundo contemporâneo, não abraçamos ainda um mito de valor universal que englobe nosso planeta Terra. De acordo com meus conhecimentos, o budismo é o único que mais se aproxima do mito do valor universal, pois revela a existência da natureza de Buda em todos os fenômenos. O fator mais importante é o ato de perceber essa natureza.”

“Mito” como “filosofia”
Ele utiliza a palavra “mito” com o mesmo sentido de “filosofia”. O “ato de perceber essa natureza” não é senão nosso movimento pelo Kossen-rufu. É o movimento que visa a despertar as pessoas para a natureza de Buda inerente em si mesmas, para a percepção do ilimitado potencial existente em sua vida e para ensinar a fonte da inesgotável esperança.

Surge o sol da esperança
O século 21 aguarda com expectativa o desenvolvimento de nosso movimento. Está esperando a ascensão desse “sol da esperança”. E somos nós que vamos fazer surgir esse grandioso sol.

Estamos unidos, sempre
Eu e cada um dos senhores somos companheiros desde o infinito passado e estamos caminhando juntos pela suprema estrada da vida. Por maior que seja a distância que nos separa, estaremos sempre ligados firmemente pelas ondas sonoras do Daimoku.

Orando pela saúde
Seja onde estiverem, estarei sempre orando pela boa saúde, longa vida e felicidade de todos os senhores, que são meus estimados e sublimes companheiros.

Um poema aos amigos

Meus queridos amigos, gostaria de dedicar-lhes dois poemas:

Escrevendo uma história
de luta conjunta
Pelas três existências,
Juntos, sempre juntos.

Nosso destino final
É o estado de Buda
O Castelo de Muitos Tesouros.

29 de maio de 2010

Benefício

A revolução interna gera a transformação externa
BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 2034, PÁG. A4, 08 DE MAIO DE 2010


Qual a vantagem de praticar o Budismo Nitiren na Soka Gakkai? É a possibilidade de domar a escuridão fundamental (ilusão), agir pelo bem, vivenciar a cristalina unicidade de mestre e discípulo e ainda experimentar a satisfação plena e profunda da mais elevada condição humana: o estado de Buda.

Todos procuram a prática budista com um interesse em comum: benefícios!
Muitos questionam: “O que terei de concreto quando iniciar a prática da fé
budista?”
Primeiro é preciso entender o significado de benefício na filosofia budista, pois
essa é uma noção revolucionária e interessante
.

O que é?
Benefício é a capacidade individual de produzir valor independentemente da realidade que se vive, ou seja, de realizar a própria revolução humana em meio à realidade. O benefício da prática budista é viver plena e satisfatoriamente sob quaisquer circunstâncias.
Simplificando
É natural o ser humano esforçar-se para ter uma vida melhor (pessoal, profissional, familiar, financeira). Perder ou ignorar esse ímpeto é o mesmo que estar morto. Mas nossa ideia de benefício não se limita ao lucro visível aos olhos. Se o budismo rejeitasse completamente esse “lucro” não passaria de mera doutrina abstrata, separada da vida real. Consequentemente se tornaria uma religião enfraquecida, incapaz de oferecer um caminho seguro para as pessoas melhorarem concretamente a vida.

Purificação e transformação
Nesse contexto, de que maneira o budismo se posiciona entre a questão do lucro, que é algo individual de cada pessoa, e a questão de ser abrangente no sentido de capacitar qualquer pessoa a conquistar os seus desejos. A resposta é claramente revelada no Budismo Nitiren.
O verdadeiro benefício para o budismo é a purificação e a mudança no âmago da vida.

A meta é gerar valor
A questão não é se por meio do Daimoku se consegue conquistar algo material ou não. Mas se essa pessoa consegue ou não produzir grande valor interno (como coragem, alegria, satisfação etc) enquanto busca esse objetivo. Se essa busca gera valor, isso é benefício. Se gera sofrimento, é negativo. Na série “Sabedoria do Sutra de Lótus”, consta: “Alguns interpretam ‘benefício’ de forma errada, considerando-o como uma indicação da preocupação com os bens materiais e, com base nisso, menosprezam o budismo, tratando-o como uma religião inferior. Mas a doutrina budista do benefício é um ensino que tem a ver essencialmente com a purificação e a transformação da própria vida.” (Brasil Seikyo, edição no 1.525, 25 de setembro de 1999, pág. 4.)

E meus desejos mundanos?
Cada indivíduo possui uma lista de “desejos mundanos” a ser realizada que ultrapassaria uma folha (alguns encheriam até um caderno). Por meio da prática budista esses desejos se tornarão realidade? Se a prática dessa pessoa conseguir eliminar o sofrimento de não ter tais coisas e ainda assim gerar uma imensa satisfação pelo simples fato de estar vivo e lutando por essas questões, então, será a causa de conquistas em todos os níveis.

Energia vital é o essencial
Se o objeto do desejo gerar insatisfação, ansiedade ou sofrimento, o encanto se quebra e a revolução humana não acontece. Todos os aspectos externos mudam naturalmente quando se gera energia vital internamente. Isso é explicado pelo princípio do esho funi (unicidade do ser vivo e seu ambiente.)
Essa ideia está expressa na frase do presidente Ikeda: ”A questão principal é: uma ação positiva possui um benefício inerente. O benefício não é absolutamente algo que vem de fora. Ele surge de dentro de nossa própria vida; manifesta-se por nossas ações. O benefício jorra como água de uma fonte. É isso o que significa benefício.” (Ibidem.)


E como se faz isso?
Mas aí pode surgir um impasse: como tornar o “eu” uma fortaleza capaz de não se abalar diante dos problemas a tal ponto que a própria circunstância (não importa qual) seja motivo de felicidade? Simples: recitando o Nam-myoho-rengue-kyo e realizando o Chakubuku: as duas práticas básicas dos membros da Soka Gakkai. Realizar essas ações (orar e propagar) com a “mesma mente que Nitiren” significa agir em exato acordo com o Buda e, então, conseguir os mesmos efeitos de um buda.

Dedicação ao Kossen-rufu
Uma vez mais, o presidente Ikeda atesta essa ideia: “Nesse sentido, ser capaz de recitar Daimoku, propagar o ensino de Daishonin e trabalhar pelo Kossen-rufu — isso em si é o maior dos benefícios. O Gosho diz: ‘Não há felicidade maior para os seres humanos que recitar o Nam-myoho-rengue-kyo.’ (END, vol. 3, pág. 199.) Isso indica claramente que uma vida dedicada ao Kossen-rufu é a mais nobre. (Ibidem.)

A maior das felicidades
Se a prática do budismo gera essa “felicidade maior”, todas as outras questões ficam enquadradas nesse poder gigantesco da Lei Mística. Aí, transforma-se a preocupação com as questões cotidianas na convicação e satisfação de que todas as questões diárias originam-se e estão conectadas ao interior do ser humano.

Sujeito e objeto
Outra frase do presidente Ikeda elucida: “A vida de todas as pessoas é, de certa forma, uma sucessão de exemplos de benefício e punição, valor e antivalor, ou de lucro e perda. Nos negócios, as vendas significam lucro ou ganho. Mas se os bens forem vendidos a um preço muito baixo, o negócio acaba em prejuízo. Quando um pintor concretiza seu desejo subjetivo de pintar uma maravilhosa obra-prima (ou seja, de criar o valor do belo), ocorre uma fusão do sujeito com o objeto, dando à pessoa um sentimento de felicidade. E quando a pintura é comprada, o lucro é concretizado.” (Ibidem.)

A chave está no Gohonzon
O objetivo do Budismo Nitiren é capacitar a pessoa a desenvolver um mundo interior rico e abundante de força vital. Seja vivendo uma situação agradável, seja sob as mais terríveis tempestades, nada abalará um ser humano assim e quanto mais a pessoa vive, mais gera valor e felicidade. A chave está na maneira com que ela ora ao Gohonzon, que é a fonte de toda essa energia. O maior benefício de um ser vivente é descobrir e saber utilizar o poder de gerar valor e felicidade a qualquer momento.

Força interna para a vitória
Citando um exemplo clássico: uma determinada pessoa deseja uma casa nova para morar com a família. Se esse desejo é a causa de uma profunda e espontânea transformação interior por meio da prática, então, o benefício apareceu. O importante é essa pessoa conseguir a força interna para conquistar o que deseja.

Desejar não é errado
Não é errado desejar. Lamentável é querer algo achando que esse algo é a causa do sofrimento ou da felicidade. Ter ou não ter acaba não fazendo diferença para a felicidade no nível fundamental. Então, o melhor é assumir o que se deseja e praticar despretensiosamente o budismo visando a criar um forte eu. Aí, naturalmente os caminhos para a conquista efetiva estarão abertos.

O comportamento otimista
O presidente Toda definia o Gohonzon como uma grande fonte de benefícios. E ele dizia que os benefícios surgem de acordo com a intensidade da fé no momento de praticar diante do Gohonzon. A chave da obtenção dos benefícios está no comportamento do praticante diante da vida. Essa atitude faz toda a diferença: “O otimismo budista não é um ‘escapismo otimista’ de pessoas que cruzam os braços e dizem: “De alguma maneira tudo se resolverá”. Ao contrário, significa reconhecer claramente a maldade como maldade e o sofrimento como sofrimento, e lutar resolutamente para superá-los. Significa acreditar na própria habilidade e força para lutar contra qualquer maldade e qualquer obstáculo. É uma ‘luta otimista’.”

Qual a sensação?
O relato a seguir demonstra como é amplo a condição de vida de quem pratica corretamente a Lei: “O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, disse certa vez aos jovens: ‘Neste momento, meu estado interior de vida é tal como se eu estivesse estendido no alto do céu, com os braços abertos, sobre uma infinita extensão de brancas e macias nuvens. Tudo de que preciso vem até mim naturalmente. Vem a mim sem que eu busque. Onde consegui esse benefício? Na prisão, onde tive de passar dois anos. Mas a época agora é diferente, e vocês não precisam ir para a prisão para conseguirem um estado assim. A única coisa de que necessitam é dedicar a juventude e a vida à nobre missão do Kossen-rufu e incansavelmente em prol desse objetivo.” (Ibidem, edição no 1719, 11 de outubro de 2003, pág. A3.)

Conclusão
A dedicação corajosa à prática budista é, de fato, a fonte de benefícios além da própria imaginação. Como diz o Mestre: “O poder supremo do Nam-myoho-rengue-kyo nos capacita a transformar qualquer impulso ilusório, carma negativo e sofrimento em estado de Buda, sabedoria e benefício. Não há carma negativo que não possamos mudar. Essa é uma extraordinária fonte de esperança. Assim, não há razão para lamentarmos nem nos desesperarmos.” (Ibidem, edição no 2031, 17 de abril de 2010, pág. A3.)

Linhagem do Budismo - Mahayana e Hinayana

As religiões do mundo variam de acordo com as diferenças entre as nações e as culturas. No entanto, a origem da religião pode ser encontrada em sentimentos compartilhados por todas as pessoas. A mais primitiva forma de religião era a adoração de um deus ou deuses que representavam as forças da natureza. Enquanto a natureza passava por uma mudança “normal” e previsível, os seres humanos podiam desfrutar sua força criativa e benefícios. Porém, quando o ritmo da natureza tornou-se imprevisível, as pessoas não tinham mais lugar para aonde ir. Os povos antigos acreditavam que as calamidades naturais eram uma expressão da ira dos deuses ou obra de um deus diabólico e destrutivo que se opunha ao seu deus benevolente. Graças a uma contínua especulação, alguns postularam um deus principal que reinava sobre todos os outros e controlava todos os vários fenômenos naturais. Em muitos casos, o deus principal originariamente governava um fenômeno específico. Por exemplo, nas mitologias grega e nórdica, o deus principal era originariamente o deus do trovão.

Diz-se o mesmo a respeito de Javé ou Jeová. Javé era originariamente o deus do trovão e tornou-se posteriormente o deus principal dos ancestrais dos hebreus. Conseqüentemente, ele foi considerado um deus absoluto e transcendental pelos judeus e por fim o único deus, e seus seguidores passaram a negar a existência de qualquer outro deus. Foi isso o que levou à crença de que a vontade e as palavras de Deus criaram o Universo e todos os seres que nele vivem. Seja um único deus apenas ou muitos, acreditava-se que a divindade, ou as divindades, tinham poder de controle sobre a natureza e a humanidade. Com o estabelecimento de comunidades, alguns deuses tornaram-se símbolos do poder ou da supremacia de grupos específicos, sendo usados para fortalecer a autoridade do grupo.

Em contraste, um Buda é um ser humano, uma pessoa que desenvolveu uma sabedoria introspectiva nas profundezas de sua vida e descobriu nela a verdade eterna. Ao passo que no cristianismo um ser humano nunca pode tornar-se completamente Deus, no budismo o ser humano pode tornar-se um Buda. O estado de Buda é um ideal, mas um ideal que os seres humanos podem atingir. O budismo é um conjunto de ensinos que o Buda expôs a fim de capacitar todas as pessoas a também se tornarem budas. Ensina que o estado de Buda é o objetivo máximo para todos os seres humanos; no entanto, não nega nem exclui o conceito de um deus por si. O que caracteriza o Buda é a sabedoria que permeia a verdade máxima da vida e do Universo. O budismo descreve os deuses como forças benéficas inatas no meio social e natural e que atuam protegendo os seres humanos, especialmente aqueles que praticam o budismo corretamente. As forças inerentes ao meio ambiente são chamadas “boa sorte”, as ações dos deuses budistas que as pessoas ativam para extraírem sua própria sabedoria do Buda.

Principais palavras e expressões do budismo

Bodhisattva: O nono dos Dez Mundos (Inferno,Fome,Animalidade,Ira,Tranquilidade,Alegria,Erudição,Absorção,Bodhisattva e Buda).Tais mundos são condições potenciais inerentes à vida de cada individuo
Bodhisattva da Terra: Bodhi significa "sabedoria do Buda"; sattva,"seres sensíveis" e Terra,Nam-myoho-rengue-kyo ou "natureza de Buda". Os Bodhissattvas da Terra fazem do Nam-Myoho-Rengue-Kyo ou da natureza de Buda a vase de suas ações para aliviar o sofrimento das pessoas.
Buda: O iluminado ou Desperto.Aquele que percebe a natureza iluminada da vida e que conduz outros a atingir essa mesma condição.A natureza de Buda é inerente a todos os seres e é caracterizada pela sabedoria,coragem,benevolência e energia vital.
Chakubuku: Um dos métodos de propagação do Budismo de Nitiren Daishonin.Ato de ensinar a filosofia budista para outras pessoas.
Daimoku:Literalmente significa "titulo".Refere-se à recitação do Nam-Myoho-Rengue-Kyo.
Gohonzon: Supremo objeto de devoção do Budismo de Nitiren Daishonin. Honzon significa "objeto de respeito fundamental" e go "digno de honra".
Gongyo: Liturgia do Budismo de Nitiren Daishonin.Literalmente significa "prática assídua".Prática realizada duas vezes ao dia ,pela manhã e à noite.Consiste na leitura de passagens do 2º capitulo (Hobem,"Meios") e 16º capitulo ( Juryo, "Revelação da vida Eterna de Buda") do Sutra de Lótus, seguida da recitação do Nam-Myoho-Rengue-Kyo.
Gosho: Literalmente "escritas dignas de grande respeito".São escritos de Nitiren Daishonin.
Kossen rufu: Literalmente "declarar e propagar amplamente" o budismo.O termo é comumente traduzido como "paz mundial".Pórem,paz não no sentido simplista de ausência de guerra.Para que ela ocorra,é preciso que as pessoas realizem a revolução humana humana - processo de reforma interior - e cultivem valores fundamentais como o respeito a todas as formas de vida.
Soka Gakkai: Literalmente," Sociedade de Criação de Valores".Foi fundada por Tsunessaburo Makiguti e Jossei Toda.Seus associados são encontrados em 192 países e territórios,constituindo a Soka Gakkai Internacional.Bo Brasil, a organização é conhecida como Associação Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI).

Daisaku Ikeda biografia


Daisaku Ikeda
Presidente da Soka Gakkai Internacional


"Seja como for, a grandiosa 'revolução humana' de uma única pessoa irá um dia impulsionar a mudança total do destino de um país e, além disso, será capaz de transformar o destino de toda a humanidade."

Daisaku Ikeda nasceu em Tóquio, em 2 de janeiro de 1928, e graduou-se na Faculdade Fuji Júnior. Em 1947, converteu-se ao Budismo de Nitiren Daishonin e tornou-se membro da Soka Gakkai, uma organização de leigos que estava então sob a liderança de Jossei Toda, seu segundo presidente.

Em 1958 o segundo presidente da Soka Gakkai falece e após 2 anos, em 1960, Ikeda foi nomeado seu terceiro presidente. Sob sua liderança, a organização progrediu, chegando a alcançar aproximadamente treze milhões de membros no Japão, tornando-se a maior organização de seu gênero nesse país. Para apoiar os esforços da Soka Gakkai, baseados na filosofia budista de vida e com o intuito de promover a paz, cultura e educação, Ikeda fundou, através dos anos, instituições educacionais e culturais, incluindo a Universidade Soka.

Desde 1967, quando Daisaku Ikeda propôs a normalização das relações sino-japonesa, ele engajou-se ativamente na elaboração e publicação de propostas, dirigidas às Nações Unidas, tratando de questões sobre a paz, desarmamento, educação e meio ambiente. Além disso, baseado na crença de que os primeiros passos rumo à realização da paz iniciam-se com o diálogo de vida a vida, engajou-se numa diplomacia do cidadão, encontrando-se com líderes políticos e intelectuais de todo o mundo, num intercâmbio de opiniões a respeito dos desafios que se interpõem à humanidade. Alguns desses diálogos foram compilados na forma de livros.

Em adição, Daisaku Ikeda é um prolífero autor, encontrando tempo para escrever romances, ensaios e poesias sobre uma vasta gama de tópicos abrangendo o humanismo, a paz, a sociedade, a juventude, a arte e a literatura. Seus escritos têm sido traduzidos para mais de quatorze idiomas.

Jossei Toda cronobiografia

Jossei Toda
2º presidente e co-fundador da Soka Gakkai

"É meu ardente desejo que a humanidade se livre
do ciclo da guerra e crie sucessivas gerações de pessoas imbuídas de um profundo respeito pela dignidade da vida."


11/2/1900Nasce Jossei Toda na província de Ishikawa, o mais novo de uma família numerosa.

1902 — Sua família muda-se para o vilarejo de Atsuta, um pequeno povoado pesqueiro no Mar do Japão.

1908 — Perde seu irmão mais velho, fato que o abala profundamente e o leva a questionar a vida e a morte.

1914 — Conclui com honra seu curso na Escola Primária de Atsuta. Embora um estudante notável, não pôde continuar seus estudos, pois é obrigado a trabalhar para ajudar no sustento da família.

1915 — Ingressa como aprendiz na Companhia Kokoro, em Sapporo. Embora o ambiente seja pouco favorável aos estudos, aproveita os momentos livres para estudar.

1917 — Apesar de não possuir formação superior, passa nos exames que lhe davam crédito para professor primário assistente.

1918 — Começa sua carreira como professor lecionando no sexto grau da Escola Primária Mayati. Enquanto leciona, Toda continua seus próprios estudos e, nos dois anos seguintes, passa nos exames que o habilitam a lecionar química, física, geometria, álgebra e matérias regulares do primário.

3/1920 — Muda-se para capital do Japão, Tóquio.

8/1920 — Conhece Makiguti, então diretor da Escola Primária de Nishimati. Makiguti emprega-o e adota-o como discípulo.

1928 — Makiguti e Toda são apresentados à filosofia budista de Nitiren Daishonin, que iria influenciar toda a obra de ambos os educadores.

18/11/1930 — Makiguti funda, juntamente com Toda, a Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de Valores), predecessora da Soka Gakkai. Nessa mesma data, pública sua obra mais importante, Teoria do Sistema Educacional para a Criação de Valores. Makiguti é o primeiro presidente e Toda, o diretor-geral.

1939 — Tem início a Segunda Guerra Mundial.

1941 — O Japão entra no conflito mundial com o bombardeio de Pearl Harbor.

6/7/1943 — Por defender ideais antibélicos e de defesa da liberdade religiosa, Toda e Makiguti são presos e encaminhados ao Centro de Detenção de Sugamo.

18/11/1944 — Makiguti falece na prisão devido aos maus tratos e desnutrição, aos 73 anos.

3/7/1945 — Toda é libertado da prisão, um mês antes do cessar-fogo, e começa a reconstruir a Soka Kyoiku Gakkai, que muda seu nome para Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valores).

1947 — Conhece Daisaku Ikeda, um jovem de dezenove anos que ficou ao seu lado em todos os momentos.

3/5/1951 — Toda assume como segundo presidente da Soka Gakkai.

2/4/1958 — Falece após consolidar uma ampla e promissora base da instituição. Como uma organização já fortalecida, a Soka Gakkai inicia os preparativos para alçar vôo mundial como promotora da paz, cultura e da educação.

23 de maio de 2010

Tsunessaburo Makiguti cronobiografia


Tsunessaburo Makiguti
Fundador e 1º presidente da Soka Gakkai

"O estudo não é considerado uma preparação para
a vida; ele acontece enquanto se vive, e a vida acontece em meio ao estudo. Estudo e vida real
são vistos não apenas como paralelos;
eles trocam informações intercontextualmente,
o estudo dentro da vida e vice-versa,
por toda a existência do indivíduo."


6/6/1871 — Nasce Makiguti numa pequena vila do noroeste do Japão.

1874 — É abandonado primeiro pelo pai e depois pela mãe. Passa a ser criado por um tio, Zendayu Makiguti.

1885 — Muda-se para Otaru, indo morar com um outro tio. Por ser extremamente pobre, não tem como estudar e começa a trabalhar em uma delegacia de polícia.

1891 — Muda-se para Sapporo e ingressa na escola normal como aluno do terceiro ano.

1893 — Aos 22 anos, forma-se e assume o cargo de professor-supervisor em uma escola de ensino fundamental.

1901 — É forçado a abandonar seu cargo na escola devido a uma aparente ruptura disciplinar. Nos anos seguintes, passa por uma série de dificuldades financeiras, mas, em contrapartida, tem início um acentuado aprimoramento intelecutal.

1903 — Publicação de sua primeira obra, Geografia da Vida Humana.

1913 — Após ocupar vários cargos, inclusive no Ministério da Educação, torna-se diretor da Escola de Ensino Fundamental Tossei. Nos vinte anos seguintes trabalha como diretor e professor de escolas primárias da região de Tóquio. Das anotações acumuladas neste período, origina-se sua segunda obra Educação para uma Vida Criativa.

1920 — Conhece Jossei Toda, também professor, tornando-se inseparáveis como mestre e discípulo.

1928 — Toma conhecimento do Budismo de Nitiren Daishonin por intermédio do diretor da Escola Comercial Mejiro. Encontraram no budismo, a expressão última da filosofia humanista de valor por eles defendida.

18/11/1930 — Juntos, fundam a Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de Valores), predecessora da Soka Gakkai. Nessa mesma data publica sua obra mais importante Teoria do Sistema Educacional de Criação de Valores.

1939 — Tem início a Segunda Guerra Mundial.

1941 — O Japão entra na guerra com o bombardeio de Pearl Harbor.

6/7/1943 — Por sustentarem posições consideradas intransigentes, defendendo o antimilitarismo e, sobretudo, a liberdade religiosa, Makiguti e Toda são presos.

18/11/1944 — Makiguti falece na prisão devido aos maus tratos e desnutrição, aos 73 anos.

Matéria do Mês

As bases para atingir o estado de Buda
(Brasil Seikyo, edição nº 2032, 24/04/2010, página B1.)

“O Sutra afirma: ‘As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do Buda, e renasceram constantemente na companhia de seus mestres’(1). (...) Antes de tudo, assegure-se de que está seguindo o mestre original para que possa atingir o estado de Buda.” (Terceira Civilização, edição no 493, setembro de 2009, pág. 51.)

Resumo e cenário histórico
Esta carta, também conhecida como “Resposta a Lorde Soya”, foi escrita por Nitiren Daishonin em 3 de agosto de 1276, aos 54 anos de idade, quando se encontrava no Monte Minobu. Presume-se que o recebedor foi Soya Jiro Hyoe-no-jo Kyoshin (1224-1291), um oficial da seção judicial do shogunato de Kamakura, que vivia na Vila Soya, na província de Shimosa, atual prefeitura de Tiba.

Soya converteu-se aos ensinos de Daishonin por volta de 1260, tornando-se um dos seus principais seguidores, junto com Toki Jonin e Ota Jomyo. Ele recebeu sete cartas de Daishonin, a maior parte das quais explica princípios significativos do budismo. Ele se manteve fiel ao Budismo de Daishonin durante toda a vida.



Tópicos da explanação do Presidente Ikeda
A passagem “As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do Buda, e renasceram constantemente na companhia de seus mestres” descreve que o mestre e o discípulo têm se dedicado juntos, desde o remoto passado, ao mesmo e grandioso juramento de bodhisattva — conquistar a própria felicidade e a de outras pessoas.

Por ocasião da cerimônia de terceiro ano de falecimento (segundo, conforme a contagem ocidental) do professor Makiguti, em novembro de 1946, o Sr. Toda, segundo presidente da Soka Gakkai disse sobre seu mestre: “O senhor, com sua imensa benevolência, permitiu-me acompanhá-lo até o cárcere. Graças a isso, pude ler com todo o meu ser a passagem do Sutra de Lótus que diz: ‘As pessoas que ouviram a Lei habitaram aqui e ali, em várias terras do Buda, e renasceram constantemente na companhia de seus mestres’. O benefício que obtive foi a compreensão de minha existência passada como Bodhisattva da Terra e absorver com minha própria vida mesmo que uma pequena parcela do significado do Sutra. Poderia haver felicidade maior que esta?”

Tais palavras solenes do Sr. Toda ficaram gravadas em meu coração desde que as ouvi, pela primeira vez, na juventude. A gratidão que sinto por meu mestre é exatamente a mesma ainda hoje.

Quem segue pelo caminho de mestre e discípulo desfruta um estado de vida indestrutível, imbuído das quatro nobres verdades — eternidade, felicidade, verdadeira identidade e pureza —, em ritmo com a Lei Mística eterna. Este é um caminho de ilimitada alegria por cumprir a mais nobre missão que alguém possa ter na vida. Quero transmitir essa alegria infinita aos jovens. O coração do Sutra de Lótus e do Budismo de Nitiren Daishonin reside em ser fiel ao juramento de conduzir os outros à iluminação, dedicando-nos juntos, sem cessar, pelo caminho de mestre e discípulo, pelas três existências — passado, presente e futuro.

Por mais famosos ou bem-sucedidos que sejamos, sem um mestre, nossa vida será triste e solitária. Sem um mestre, a verdadeira vitória como seres humanos será ilusória. Possuir um mestre a quem possamos seguir por toda a vida é um dos maiores benefícios que poderíamos ter. Em agosto de 1947, conheci meu mestre Jossei Toda, que mais tarde se tornaria o segundo presidente da Soka Gakkai.

Naquele verão, aos 19 anos, tomei a decisão consciente de me tornar seu discípulo. Instintivamente, senti que podia confiar no Sr. Toda, que ele era a pessoa a quem devia adotar como mestre da vida. Com base nessa firme convicção, lancei-me a uma jornada ao lado dele, decidido a realizar uma revolução religiosa e assegurar a paz mundial duradoura. Até hoje continuo a me dedicar a essa jornada espiritual com a mesma paixão inicial.

Nesses cinquenta anos na liderança do Kossen-rufu mundial, após a morte do Sr. Toda [em abril de 1958], tenho aberto caminhos, derrubando todos os tipos de impedimentos, mantendo um permanente diálogo interior com meu mestre. Junto de vocês, meus companheiros de cada país, estabeleci as bases do Kossen-rufu mundial numa escala sem precedentes. Hoje, não tenho nada do que me arrepender. Triunfei em todas as frentes. Para mim, não há satisfação maior na vida do que poder relatar esses triunfos a meu mestre. Uma vida dedicada a concretizar os sonhos compartilhados com o mestre — eis o modo de vida mais significativo que existe. Quanto mais elevado for o ideal, mais valioso e duradouro será o legado para as gerações futuras.

O Budismo de Nitiren Daishonin nos brinda com a filosofia e a prática necessárias para termos contato com a sabedoria ­genuína, tanto em benefício próprio como para o bem dos demais. Sua força nos impele a assumir o desafio de vencer a dificuldade mais extrema e a jamais desistir. O que sustenta essa rede humana, a união de esforços dos praticantes é a relação de mestre e discípulo. Tal relação é a essência, o fator vital para a vitória nessa empreitada.

Nesta carta, “As bases para atingir o estado de Buda”, Nitiren Daishonin descreve o coração de um verdadeiro mestre budista, revelando o próprio espírito abnegado de enfrentar quaisquer dificuldades para que a água da infinita sabedoria do Buda flua e irrigue “o solo árido da vida das pessoas que habitam o mundo maléfico dos Últimos Dias”.

Quem herdou diretamente esse legado e se empenhou pelo Kossen-rufu com a mesma intenção e postura de Daishonin foram os três primeiros presidentes da Soka Gakkai, unidos pelos laços de mestre e discípulo. Junto deles, os nobres membros da Soka Gakkai — e sobretudo os pioneiros do grupo Muitos Tesouros — têm proclamado séria e sinceramente o ensino budista correto de Nitiren Daishonin no mundo inteiro.

Os membros da Soka Gakkai têm buscado ardentemente romper os espessos muros da escuridão fundamental, que tenta impedir a passagem da luz da natureza de Buda, e se dedicado a plantar as sementes da Lei Mística na vida das pessoas. Ninguém é mais forte do que os que lutam munidos com esse espírito invencível. Essas pessoas se transformaram em indivíduos de caráter notável, merecedoras de total confiança, admiradas e respeitadas dentro e fora de nossa organização. Os mestres e os discípulos Soka triunfaram!

Significado do Nam Myoho Rengue kyo

NAM
Nam, contração de Namu, que deriva do sânscrito NAMAS, significa "devotar" ou a relação perfeita da vida da pessoa com a verdade eterna. Ou seja, dedicar a própria vida ou relacionar-se com a verdade eterna da vida. Também significa acumular infinita energia através desta fonte e tomar atitudes positivas aliviando o sofrimento dos outros.


MYOHO
Myoho literalmente significa Lei Mística.
Myo significa "místico", mas elimina qualquer sombra de milagre. É assim chamado porque o mistério da vida é de inimaginável profundidade por tanto está além da compreensão do homem. Ho significa "lei". A intrínseca natureza da vida é tão mística e profunda, que transcende o âmbito de conhecimento humano. Por exemplo: o ser humano nasce como um bebê, cresce e torna-se um jovem, depois um idoso e por fim morre. Isso é obviamente, uma inquebrável lei regulando cada espécie de vida. Ninguém jamais pode nascer adulto ou escapar desse ciclo, por mais que deseje.

RENGUE
Rengue é a lei de causa e efeito. O budismo esclarece essa lei em todos os fenômenos do universo, e é simbolizada pela Flor de Lótus (Ren, flôr e Gue lótus, em japonês), pois produz a semente (Causa) e a flor (Efeito) simultaneamente. Uma quantidade enorme de todas as causas passadas formam o efeito da condição presente. Ao mesmo tempo, o momento presente é a causa do futuro. Assim, a vida é a continuação dos momentos combinados pela corrente de causa e efeito.

KYO
Finalmente kyo significa a função e influência da vida, como também a transformação do destino, simbolizando a continuidade da vida através do passado presente e futuro. É o ensinamento do Buda, que é eterno.

Myoho-rengue-kyo é o título do Sutra de Lótus, como foi traduzido para o chinês, que Nitiren Daishonin nos aponta como o Sutra que contém o caminho para a iluminação. Colocando Nam antes do título do Sutra de Lótus ele cunhou o mantra que recitamos diariamente, o Nam-Myoho-Rengue-Kyo, que numa tradução livre seria o algo como: Devotar-se ao Sutra de Lótus, ou Devotar-se à Lei Mística da Causa e Efeito exposta pelo Buda no Sutra de Lótus.

Claro que isso é apenas uma tradução extremamente simplista dos caracteres que compõe o Nam-Myoho-Rengue-Kyo, e não expõe toda a profundidade da Lei Mística, que é a expressão da verdade última da vida.

O Nam-Myoho-Rengue-Kyo cobre todas as leis, toda a matéria e todas as formas de vida existentes no Universo. em outras palavras, é a vida do Buda que alcançou a suprema Iluminação. Se expandirmos ao espaço ilimitado, é idêntica à vida do Universo, e se condensarmos ao espaço limitado, é igual a vida individual dos seres humanos.




Mensagem de boas vindas

Caros companheiros,sejam bem vindos ao blog da comunidade Jardim Brasil,espaço reservado para debater assuntos sobre o budismo de Nitiren Daishonin.